Opinião: Mais um quadrinho sobre a Segunda Guerra Mundial que choca com a crueldade. Enquanto Grama (Pipoca e Nanquim, já resenhado no blog) trata das atrocidades que os japoneses fizeram com as mulheres nas "casas de conforto" espalhadas pelo território ocupado por eles durante a guerra. A obra "Eles nos chamavam de inimigos" (Devir) mostra a crueldade que o governo americano fez com os japoneses e seus descendentes que residiam nos EUA, ou seja, para os próprios estadunidenses com descendência japonesa.
É um quadrinho autobiográfico da infância de George Takei (ator de vários filmes do Star Trek). Após o ataque surpresa a Pearl Harbor o governo estadunidense bloqueia as contas bancárias, toma as casas e envia todos os japoneses, filhos e netos de japoneses para campos de detenção, alegando que havia "espiões" no país enviando informações ao Império Japonês. George Takei contextualiza a origem de seus pais, como foi essa retirada abrupta de sua casa, como os pais tentaram amenizar e não deixar transparecer a situação grave aos filhos pequenos. Com isso, vemos a visão de um garoto e sua família que se vê obrigada a viver em um campo de detenção, presa sem ter feito nada, assim como todas as famílias que foram para esse local, eles apenas eram nipo-americanos comuns. A família de George Takei morou não apenas em um, mas em dois campos de detenção.
Ao final da narrativa refletimos como a guerra é cruel, como a mesma história tem várias vertentes, os estadunidenses não são os heróis que junto com os aliados salvaram o mundo, eles também cometeram erros baseados no racismo (no caso desse história contra japoneses, nisseis e sanseis), na discriminação étnica. Reconheceram o erro? Leia a HQ e você descobrirá, tirando suas próprias conclusões sobre o tema. Vale muito a leitura, foi ganhados do prêmio Eisner, competindo com Grama. Uma HQ excelente, autobiográfica, que com certeza ao final da leitura te transformará. Recomendo!
Nota: 9,5
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Agradecemos a atenção e boa leitura!
